segunda-feira, 19 de novembro de 2012

EXIGE DEUS O PAGAMENTO DE DÍZIMOS?

 
"Cada um contribua segundo tiver proposto no coração,
não com tristeza ou por necessidade;
porque Deus ama a quem dá com alegria."
(2 Coríntios 9:7).


 
 
 

O texto de Malaquias citado pela maioria dos dizimistas é do Velho Testamento,
ou seja, ainda estava sob a Lei Moisaica. Não existe no Novo Testamento nenhuma referência à dízimos.

 
Em fevereiro de 2011, o Ministério Público denunciou a Igreja Universal, e seus representantes, sobre o crime de lavagem de dinheiro e evasão de divisas utilizando um banco de fachada. O processo ainda corre no Supremo, mas a despeito dessa guerra de acusações, toda vez que vejo esses debates o que me surpreende são os comentários de alguns religiosos defendendo o direito de pagar dízimos com uma justificativa bem simplista utilizada por picaretas mal intencionados ou leigos ingênuos: está na bíblia!  Alguns até chegam a afirmar que pagam dízimos porque está na Bíblia, e assim, está fazendo sua parte independente do que o pastor ou padre faça com o dinheiro.

Uma pesquisa um pouco mais aprofundada sobre o assunto mostra que não é bem assim...
 
O que é Dízimo?
 
É uma palavra que significa décima parte, dez por cento pago como tributo sobre alguma coisa. Na Bíblia ela aparece pela primeira vez no livro de Gênesis 14:18-20 quando o patriarca Abraão deu a Melquisedeque um décimo dos despojos de sua vitória sobre um povo inimigo. Mas não era uma Lei, era apenas uma forma de medição ao retribuir algo a alguém. - Veja também Gên. 28:20-22.
 
O Dízimo como Lei bíblica surgiu muitos e muitos anos mais tarde, já nos dias de Moisés logo após a libertação de Israel do Egito. Jeová Deus viu que eles ainda eram bárbaros e precisavam de Leis para reger tudo em suas vidas, seja religiosa, financeira, amorosa, interpessoal, entre outras. Assim, das mais de 600 Leis dadas ao Israel antigo - a Torá - havia a Lei sobre dízimos.
 
Qual objetivo do dízimo?
 
Deus dividiu o Israel antigo em 12 tribos. Uma delas, a de Levi, foi tirada exclusivamente para atividade de cuidar da adoração a Jeová Deus - no inicio uma tenda onde ficava a Arca da Aliança e depois do Templo erguido por Salomão. Como os levitas não tinham terras e nem direito à heranças,  sua obrigação era apenas cuidar do Santuário, não podendo produzir o seu sustento, desta forma ao serem exortados a dar um décimo de sua produção agrícola e pecuária, vale frisar, os Israelitas tinham o objetivo apenas de suprir materialmente os Levitas e manter a adoração viva. - Le.27:30-32; Num. 18:21.
 
 
Os cristão são obrigados a pagar o dízimo?
 
Não. Em nenhum lugar do Novo Testamento existe qualquer exortação para que o cristão retire 10% da sua renda para dar à igreja.  O objetivo do dízimo era suprir materialmente os levitas. Com a vida de Jesus Cristo e o estabelecimento da nova aliança (ou novo pacto), o qual todas as nações abençoariam a Deus por meio do prometido messias, a Lei de Israel - incluindo a dos dízimos - perdia seu valor.  Os Sacerdotes judaicos, que não aceitavam Jesus Cristo como o novo messias, continuaram com a cobrança ilícita, e deturpada, dos dízimos. Mas os cristãos estavam livres dessa cobrança. - Ef. 2:15; Col. 2:13,14.
 
Mas como as igrejas primitivas se sustentavam?
 
As primeiras igrejas cristãs tinham apenas um único objetivo: fazer o maior número de pessoas conhecer sobre Jesus Cristo. Desta forma, todo dinheiro arrecadado eram de doações voluntárias apenas com o propósito de bancar as viagens destes discípulos. Ainda assim, o que se arrecadava tão pouco que muitos dos apóstolos abriam mão desse dinheiro e viviam da hospitalidade das pessoas pelo caminho. - Compare com Atos 18:3.
 
Uma parte do dinheiro arrecadado voluntariamente deveria ser guardado para ajudar irmãos pobres em casos de calamidade ou necessidades. - Atos 4:32-37; 6:1-4.

É notório que algumas igrejas aboliram o termo dízimo de suas arrecadações, mas ainda assim, por meio de uma evangelização tendenciosa que chamam de "campanha" ou "oferta" conseguem arrancar mais dinheiro do que ganhariam com o  dízimos. No fim, quase sempre o doador não sabe especificamente em que está sendo aplicado o dinheiro.
 
 
As igrejas primitivas tinham trabalhos sociais ou negócios comerciais?
 
Não. O único objetivo da igreja era apenas espiritual, usavam o dinheiro apenas para espalhar a palavra de Deus. É notório que muitas igrejas hoje em dia se envolveram no pseudo trabalho social, mantendo creches,  escolas e até universidades. Algumas são donas de redes de televisão, lojas de roupas, gravadoras, merchandising, entre outros. Embora o objetivo até seja louvável, o de aumentar a renda da igreja para ser investido em programas de evangelização, ainda assim, não é bíblico e não espelha o trabalho realizado pela igreja primitiva.
 
A igreja não tem orientação bíblica de manter trabalhos sociais ou negócios comerciais e exigir que seus membros o mantenham por meio de dízimos ou doações, como fazem muitos televangelistas.

 
Os apóstolos e presbíteros recebiam salário pelo seu serviço?
 
Outra justificativa para a cobrança de dízimos se diz ao pagamento do salário de padres e pastores. Na igreja cristã os líderes não recebiam salário fixo para fazer seu trabalho. Os missionários e aqueles que viajavam, inclusive os apóstolos, para espalhar a palavra de Cristo recebiam ajuda financeira para custear essa viagem, mas ainda assim, muitos deles trabalhavam, como o apóstolo (São) Paulo que fazia rendas para ganhar seu próprio sustento. - Atos 18:3; 1 Te.2:9.
 
 
 
"Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade." (Atos 4:34-35).
 
 
Muitos cristãos, principalmente líderes de igrejas, argumentam que os tempos hoje são outros, que há novas necessidades e que a igreja não pode viver sem doações. Concordo, afinal, existem impostos e gastos com a manutenção. Contudo, o que estamos questionando não são as doações voluntárias dadas com o objetivo de edificar a igreja e divulgar o seu trabalho. Questionamos a forma como muitas igrejas, especialmente as neopentencostais que praticam a Teoria da Prosperidade* de arrecadar valores altíssimos de seus fiéis, tosquiando-os e fazendo-os crer que serão beneficiados por alguma graça. Seja por dízimo ou doação voluntária, o dinheiro arrecadado deve ser investido apenas no trabalho evangelizador. Fora isso é charlatanismo!
 
 
 
 
 
Embora a reportagem acima seja especificamente sobre uma determinada Igreja, a pratica de enriquecimento ilícioto tendo por justificativa o dízimo é praticada por praticamente 80% das igrejas, principalmente as neopentencostais, e inclusive, a Igreja Católica que reestabeleceu oficialmente o dízimo em 1969 por meio da CNBB.
 
 
Jesus disse: "Curai doentes, ressuscitai mortos, tornai limpos os leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça dai. Não adquirais nem ouro, nem prata, nem cobre, para os bolsos dos vossos cintos, nem alforje para a viagem, nem duas peças de roupa interior, nem sandálias, nem bastão; pois o trabalhador merece o seu alimento." - Mateus 10:8-10.
 
 
 

2 comentários:

Paola Graziela disse...

Olá, dê uma olhada em Malaquias 3 apartir do verso 6
http://www.bibliaon.com/malaquias_3/
Não somos obrigados a dar nada a igreja, mas o dizimo como sendo um ato de caridade e de obrigação para com Deus sim.

andrelago disse...

Paola, Malaquias é um livro do Velho Testamento, está ainda sob a Lei Mosaica, ou seja, antes de Cristo.

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